domingo, 27 de fevereiro de 2011

...às vezes não encontramos algumas saídas e só um anjo pode nos ajudar....





" Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo."
( Hermann Hesse )

A mão do Homem e a mão de Deus


 "Lembre-se que se algum dia você precisar de ajuda, você encontrará uma mão no final do seu braço. À medida que você envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos -- uma para ajudar a si mesmo, e outra pra ajudar aos outros."
( Audrey Hepburn )

27.02.2011 - Domingo - Lua Minguante... nostalgia.....



"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
( Clarice Lispector )     

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

As Três Sombras



 As três sombras

Numa estrada deserta, em noite fria, deslizavam, tristes, três sombras encapuzadas e perdidas em si mesmas.

Seguiam quase mudas mas, de quando em quando, entreolhavam-se inquietas e murmuravam expressões sem nexo.

Numa curva inesperada, num encontro de vários caminhos, pararam, observaram e, antes de seguirem rumos diferentes, apresentaram-se.

A primeira, a mais alta e negra, aproximou-se das demais e, gargalhando, esclareceu:

Eu sou a ira. Faço-me de caminho mais curto para a morte. Vivem comigo o desespero e a tragédia. Trajo-me de orgulho. O ódio segue-me os passos e calço-me com as sandálias da revolta.

Acompanho o homem desde que o mundo é mundo e pretendo viver com ele eternamente...

Todos me acolhem a toda hora, sem indagação nem exigência. Com um simples apelo sou recebida com prazer em toda parte. Sou feliz assim e gosto de atrair todo mundo a mim.

A segunda sombra, tristonha e trêmula, falou receosa:

Eu me chamo medo. Sou a porta larga que conduz à loucura. Ando despido, mas tenho grande força.

E, olhando para a ira, falou com arrogância:

Você é facilmente vencida por alguns minutos de meditação, prece, perdão, e suas companheiras morrem assim que a humildade se apresente. Mas eu sou invencível!

Escondo-me na luz e nas trevas, entre sábios e ignorantes, grandes e pequenos, ricos e pobres. Moro em todo lugar. Como rei, cerco-me de bajuladores fiéis: a dúvida, o receio, a desconfiança, o pavor...

Fez-se breve intervalo e as duas megeras se olharam, quase sorrindo e, fitando a terceira companheira, perguntaram ansiosas:

Quem és tu, filha da tristeza?

Eu? - Inquiriu a sombra pesarosa - Sou vossa irmã.

E qual é teu nome? Indagaram numa só voz.

Bem, eu até nem sei ao certo...

Uns chamam-me de infortúnio, outros de felicidade e muitos de desgraça. Sempre vivi errante, perseguida, odiada. Jamais pude sorrir.

E, fechando os olhos como quem se recorda de algo, falou com grande emoção:

Um dia, numa estrada como esta, encontrei Alguém que sorriu para mim. Era moço, alto e belo. Tinha olhos mansos e meiga voz, embora Seu rosto refletisse tristeza imensa...

Logo depois, fitou-me comovido e, mudo, passou...

Notei que muitos O seguiam, chamando-Lhe Mestre.

Tempos depois eu O encontrei novamente.

Era noite e Ele orava num lugar sombrio, chamado Horto das Oliveiras...

Olhei-O e Ele reconheceu-me. Seu rosto suado cobriu-Se com ligeiro sorriso e Ele disse-me: "Não desfaleças, irmã! Segue tua trilha."

Daquele momento em diante não O deixei mais...

Acompanhei-O atado a cordas, suportando os golpes do chicote dilacerando-Lhe as carnes, a fúria dos perseguidores, a solidão, o abandono...

E quando Ele Se agitava na cruz, cercado da multidão encolerizada, fitou-me quase sem forças e murmurou só para mim:

"Avança, missionária. Longa, difícil e bela é a tua tarefa. Não mais seguirás a ira e o medo. Serás minha mensageira ao mundo desatento...

Caminharás só e incompreendida, ensinando em silêncio...

De quando em quando, terás a companhia das lágrimas e da saudade, mas em teu caminho deixarás esperança e paz.

Vai, dor irmã. E em meu nome ergue as minhas ovelhas. Chama-as a mim. Fala-lhes da paciência e da resignação, da coragem e bom ânimo."

E depois de rápida pausa concluiu: Sou a dor. Acompanhei Aquele moço belo, de olhos mansos e meiga voz, até os últimos minutos de Sua breve existência entre os homens.

E é em nome Dele que busco Suas ovelhas e as conduzo ao Seu aprisco.

Houve profundo silêncio... O vento soprou mais forte e, despedindo-se, as três sombras seguiram, cada uma por caminho diferente.
 

Autor:
Redação do Momento Espírita com base no cap.32 do livro Crestomatia da imortalidade, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

A Arte de Resolver Conflitos



 A arte de resolver conflitos

O trem atravessava sacolejando os subúrbios de Tóquio numa modorrenta tarde de primavera.

Um dos vagões estava quase vazio: apenas algumas mulheres e idosos e um jovem lutador de Aikidô. O jovem olhava, distraído, pela janela, a monotonia das casas sempre iguais e dos arbustos cobertos de poeira.

Chegando a uma estação as portas se abriram e, de repente, a quietude foi rompida por um homem que entrou cambaleando, gritando com violência palavras sem nexo.

Era um homem forte, com roupas de operário. Estava bêbado e imundo. Aos berros, empurrou uma mulher que carregava um bebê ao colo e ela caiu sobre uma poltrona vazia. Felizmente nada aconteceu ao bebê.

O operário furioso agarrou a haste de metal no meio do vagão e tentou arranca-la. Dava para ver que uma das suas mãos estava ferida e sangrava.

O trem seguiu em frente, com os passageiros paralisados de medo e o jovem se levantou. O lutador estava em excelente forma física. Treinava oito horas todos os dias, há quase três anos.

Gostava de lutar e se considerava bom de briga. O problema é que suas habilidades marciais nunca haviam sido testadas em um combate de verdade. Os alunos são proibidos de lutar, pois sabem que Aikidô "é a arte da reconciliação. Aquele cuja mente deseja brigar perdeu o elo com o universo.

Por isso o jovem sempre evitava envolver-se em brigas, mas no fundo do coração, porém, desejava uma oportunidade legítima em que pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.

Chegou o dia! Pensou consigo mesmo. Há pessoas correndo perigo e se eu não fizer alguma coisa é bem possível que elas acabem se ferindo.

O jovem se levantou e o bêbado percebeu a chance de canalizar sua ira.

Ah! Rugiu ele. Um valentão! Você está precisando de uma lição de boas maneiras!

O jovem lançou-lhe um olhar de desprezo. Pretendia acabar com a sua raça, mas precisava esperar que ele o agredisse primeiro, por isso o provocou de forma insolente.

Agora chega! Gritou o bêbado. Você vai levar uma lição. E se preparou para atacar.

Mas, antes que ele pudesse se mexer, alguém deu um grito: Hei!

O jovem e o bêbado olharam para um velhinho japonês que estava sentado em um dos bancos. Aquele minúsculo senhor vestia um quimono impecável e devia ter mais de setenta anos...

Não deu a menor atenção ao jovem, mas sorriu com alegria para o operário, como se tivesse um importante segredo para lhe contar.

Venha aqui disse o velhinho, num tom coloquial e amistoso. Venha conversar comigo insistiu, chamando-o com um aceno de mão.

O homenzarrão obedeceu, mas perguntou com aspereza: por que diabos vou conversar com você?

O velhinho continuou sorrindo. O que você andou bebendo? Perguntou, com olhar interessado.

Saquê rosnou de volta o operário e não é da sua conta!

Com muita ternura, o velhinho começou a falar da sua vida, do afeto que sentia pela esposa, das noites que sentavam num velho banco de madeira, no jardim, um ao lado do outro. Ficamos olhando o pôr-do-Sol e vendo como vai indo o nosso caquizeiro, comentou o velho mestre.

Pouco a pouco o operário foi relaxando e disse: é, é bom. Eu também gosto de caqui...

São deliciosos concordou o velho, sorrindo. E tenho certeza de que você também tem uma ótima esposa.

Não, falou o operário. Minha esposa morreu.

Suavemente, acompanhando o balanço do trem, aquele homenzarrão começou a chorar.

Eu não tenho esposa, não tenho casa, não tenho emprego. Eu só tenho vergonha de mim mesmo.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

E o jovem estava lá, com toda sua inocência juvenil, com toda a sua vontade de tornar o mundo melhor para se viver, sentindo-se, de repente, o pior dos homens.

O trem chegou à estação e o jovem desceu. Voltou-se para dar uma última olhada. O operário escarrapachara-se no banco e deitara a cabeça no colo do velhinho, que afagava com ternura seus cabelos emaranhados e sebosos.

Enquanto o trem se afastava, o jovem ficou meditando...

O que pretendia resolver pela força foi alcançado com algumas palavras meigas.

E aprendeu, através de uma lição viva, a arte de resolver conflitos.
 

Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita, adaptação de conto do livro "Histórias da alma, histórias do coração", Editora Pioneira.

05/02/2011 - ANJOS DE GUARDA.....




Anjos de Guarda

Quem cuida de seu filho quando ele não está sob seus olhos?

Você diz que, na escola, os professores são os responsáveis; que em seu lar, você tem uma babá igualmente responsável.

Enfim, você sempre acredita que alguém, quando você não estiver por perto, estará de olho nele.

Parentes, amigos, contratados à parte, há, também, uma proteção invisível que zela por seu filho.

Você pode dizer que é seu anjo de guarda, seu anjo bom. A denominação, em verdade, não importa.

O que realmente se faz de importância é esta certeza de que um ser invisível debruça sua atenção sobre seu filho, onde quer que ele esteja.

E também sobre você. Não se trata de uma teoria para consolar as mães que ficam distantes de seus filhos longas horas.

Ou para quem caminha só nas estradas do Mundo. Refere-se a uma verdade que o homem desde muito tempo percebeu.

Basta que nos recordemos de gravuras antigas que mostram crianças atravessando uma ponte em mau estado, sob o olhar atento de um mensageiro celeste.

Ou que evoquemos o livro bíblico de Tobias, onde um anjo acompanha o jovem em seu longo itinerário, devolvendo-o ao pai zeloso, são e salvo.

É doce e encantador saber que cada um de nós tem seu anjo de guarda. Um ser que lhe é superior, que o ampara e aconselha.

É ele que nos sussurra aos ouvidos: Detenha o passo! Acalme-se! Espere para agir!

Ou nos incentiva: Vá em frente! Esforçe-se! Estou com você!

É esse ser que nos ajuda na ascensão da montanha do bem. Um amigo sincero e dedicado, que permanece ao nosso lado por ordem de Deus.

Foi Deus quem aí o colocou. e ele permanece por amor de Deus, desempenhando o que lhe constitui bela, mas também penosa missão.

Isso porque em muitas ocasiões, ele nos aconselha, sugere e fazemos ouvidos surdos. Ele se entristece, nesses momentos, por saber que logo mais sofreremos pela nossa rebeldia.

Mas não afronta nosso livre-arbítrio. Permanece à distância, para agir adiante, outra vez, em nova tentativa.

Sua ação é sempre regulada, porque, se fôssemos simplesmente teleguiados por ele, não seríamos responsáveis pelos nossos atos.

Também não progrediríamos, se não tivéssemos que pensar, reflexionar e tomar decisões.

O fato de não o vermos também tem um fim providencial. Não vendo quem o ampara, o homem se confia a suas próprias forças.

E batalha. Executa. Combate para alcançar os objetivos que pretende.

Não importa onde estejamos: no cárcere, no hospital, nos lugares de viciação, na solidão, ele sempre estará presente.

Esse anjo silencioso e amigo nos acompanha desde o nascimento até a morte. E, muitas vezes, na vida espiritual.

E mesmo através de muitas existências corpóreas, que mais não são do que fases curtíssimas da vida do Espírito.

* * *

Você pode ter se transviado no Mundo. Quem sabe, perdido o rumo dos próprios passos.

Pense, no entanto, que um missionário do bem e da verdade, que é responsável por você, pela sua guarda, permanece vigilante.

Se você quiser, abra os ouvidos da alma e escute-o, retomando as trilhas luminosas.

Ninguém, nunca, está totalmente perdido neste imenso universo de almas e de homens.

Pense nisso!
 
Autor:
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 492, 495 e 501 de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.